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01/08/2017

Sobrinha de Anayde Beiriz cobra providências em relação à casa onde morou a professora, na rua Santo Elias.

A sobrinha da escritora e poeta paraibana, Anayde Beiriz, Ialmita, procurou o blog “Senhora das Palavras”, para denunciar a descaracterização da fachada da casa onde morou a escritora. Ela  cobra respeito e proteção aos prédios históricos da Capital. Em seu depoimento, Ialmita Beiriz, diz “estou triste em saber que a fachada centenária da casa onde morou Anayde e João Dantas, ícones precursores da Revolução de 30, foi totalmente destruída para dar lugar a sei lá o que”. A casa onde residiu Anayde, de 1928 a 1930, hoje deu lugar a uma boutique.

Ialmita Beiriz destaca ainda em seu depoimento, que a fachada da casa, situada na rua Santo Elias, número 176, Centro da capital, estava em perfeito estado de conservação, antes de ser demolida. “Caberia ao órgão responsável exigir a imediata reconstrução da fachada original, mediante pagamento de multa. Na fachada, do lado esquerdo, restou apenas a placa de tombamento”, afirma.

IPHAEP toma providências – De acordo com a diretora executiva do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico da Paraíba (IPHAEP), Cassandra Figueiredo, o órgão já está tomando as medidas administrativas cabíveis para cobrar do proprietário do imóvel que seja feita a restauração da fachada. “Nós notificamos o dono do imóvel para que ele restaurasse a casa onde morou Anayde Beiriz, e ao voltarmos ao local para conferir, percebemos que a casa tinha sido ainda mais descaracterizada,” informa Cassandra.

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Casa onde residiu Anayde Beiriz, em 1990

Diante disso, o IPHAEP vai notificar mais uma vez o proprietário, e caso não seja cumprido a ordem, o dono do imóvel será acionado judicialmente. “Temos inclusive um projeto que as arquitetas do IPHAEP fizeram para restauração, baseado em como era a casa antes, mostrando a ele como deve proceder”, disse a diretora executiva.

Cassandra Figueiredo informou ainda que o IPHAEP tem realizado fiscalizações em relação aos imóveis que fazem parte do patrimônio histórico de João Pessoa e da Paraíba. Ela pede que a população também contribua, denunciando ações que venham a prejudicar a preservação da memória da cidade e de personalidades que moraram nestes lugares.

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Diretora Executiva do IPHAEP, Cassandra Figueiredo

Para denunciar, basta se dirigir a sede do IPHAEP, na Av. João Machado, Centro ou enviar um email para o endereço eletrônico administrativo@iphaep.pb.gov.br,  com um relato e fotos do imóvel histórico que tenha sido descaracterizado ou demolido.

Ainda segundo o IPHAEP, a casa onde morou Anayde Beiriz está na área de tombamento do centro histórico de João Pessoa, e foi  tombado individualmente em 2002.

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A mesma casa, descaracterizada atualmente

Tombamento – O processo de tombamento da casa de Anayde Beiriz começou a ser efetivado em 31 de março de 2001, quando o professor Carlos Alberto Azevedo endereçou um requerimento ao então diretor do IPHAEP, Itapuan Bôtto Targino, solicitando o cadastramento e tombamento do imóvel. “Anayde é, sem dúvida alguma, a paraibana do século. Era apaixonada pelas artes e fascinada pelas idéias novas”, argumentava Carlos Azevedo. Para embasar seu pedido de tombamento, ele traçava um breve resumo da vida literária de Anayde, destacando, entre outros, o seu engajamento às idéias da Semana de Arte Moderna de 1922, a participação em saraus promovidos por intelectuais da Paraíba e de Pernambuco e sua campanha de alfabetização de adultos numa colônia de pescadores de Cabedelo.

No dia 19 de setembro de 2002, o pedido de tombamento foi definitivamente aprovado pelos conselheiros do Conpec. Menos de dois meses depois, foi a vez do governador do Estado assinar e o Diário Oficial publicar o Decreto n° 23.552, de 07 de novembro de 2002, homologando o tombamento do imóvel da rua Santo Elias, 176, onde morou a escritora Anayde Beiriz.

Fonte: Senhora das palavras – Blog produzido pela jornalista Mabel Dias. Nele, vamos abordar prioritariamente assuntos relacionados a gênero, mídia, feminismo e cultura. Nos textos serão utilizado a linguagem inclusiva de gênero.